A alma, ela, a alma, ela. Alma. Ela. Minha alma, ela. Ela, a
minha alma. A minha alma.
Choros, lamentos, desolação, euforia, eu mesmo sou. Eu sou
tudo, o infinito do ser, dentro um só direito de ser. Um ser que encontraria-se em todos, e em nada
ao mesmo tempo.
Oh, como ousamos respirar? Oh, como ouso viver de forma
sublime o agora dentro de tanta miséria e dor no peito?
Quando essa chuva começa solto-me de tudo e todos. Meus
braços dançam, junto a cada fio de meu cabelo, danço a dança dos desamparados
que não tem casas para ir. Danço a dança dos corações despedaçados pela noite.
A dança dos amores perdidos por cada transformação do agora, imediato.
Imediato. Nosso imediato. Nossa sede por nós mesmo, a sede que não é cessada
nem com as mais fortes chuvas, pois continuamos dançando por nosso direito de
existir. Dançando com nossas essências nuas, dentro de nosso casulo chuvoso,
dentro de nós mesmo.
Habito-te porque abro meu peito para habitar-me. Agora nade
em meu oceano e descubra minhas mais sórdidas significâncias dentro de meu ser.
Navegue dentro de mim, deixe-me uma carta para procurar, essa carta é a entrada
para seu oceano tempestuoso. E se eu
encontrar, nossos sentimentos serão jogados ao vento, jogados ao nosso vento, o
vento que movimenta-se pela nossa força de amar. Onde podemos encontra-r peitos
fortes para nos aguentar? Acredito que no mesmo local em que nos encontraremos no agora de outrora.
Não sei quem foi, não sei quem será, só sei que sei de seu
ser hoje, agora provo-te, agarro-me no hoje, pois já já morrerei e já não sei o
que serei depois, e nem consigo me importa com o que vem. Deixemos as horas
para as engrenagens. Deixemos o amanhã para o agora que está por vim. Hoje,
agora, sou o que sou pois completo o vazio com você, e assim, ser um é ser nós,
sou você, toco-te porque eu li a carta, e habitei meu lugar no mundo. Seu
peito, meu peito. Um só.